Como a queimada na Amazónia brasileira foi discutida na conta oficial de Twitter (atual X) de Jair Bolsonaro, é tema de artigo publicado por Laara Carneiro, Livino Neto, Juliana Lima e Gleice Luz.
Publicado na revista científica (OBS.) Observatório, em edição especial associada EUMEPLAT Project (European Media Platforms: Assessing Positive and Negative Externalities for European Culture), o artigo «“The sovereignty of the region and its wealth is what really is at stake”1 Amazon fires in Jair Bolsonaro’s discourse on Twitter», de Laara Carneiro, Livino Neto, Juliana Lima e Gleice Luz, analisa como o acontecimento das queimadas na Amazónia brasileira, em 2019, relatado pelos media como “Dia do Fogo”, ao tornar-se um acontecimento mediático num contexto de profunda mediatização, é discutido por Jair Bolsonaro na sua conta oficial do Twitter (atualmente X).
O artigo propõe que a discussão deste acontecimento mediático faz parte de uma disputa de poder simbólico e persuasivo, que transcende os veículos de comunicação e conflitua com outras fontes de informação, experiências vividas e interesses de grupos sociais específicos, influenciando a construção de uma narrativa mobilizadora que orienta a prática discursiva de Bolsonaro na disputa pela opinião pública.
Nesta investigação, os autores realizam uma análise de conteúdo temática das publicações reunidas da conta @jairbolsonaro entre 4 de julho e 16 de setembro de 2019. Em seguida, constroem dois arquétipos de discurso diferentes – um utilizando elementos de comunicação de risco e outro utilizando elementos de comunicação populista – com o objetivo de compreender e identificar as características e padrões de proximidade entre os tweets. Com base nesses dois modelos de comunicação e no contexto político-social que envolve este acontecimento mediático, utilizou-se a Análise Crítica do Discurso para interpretar como o discurso de Bolsonaro se relaciona com a crise socioambiental brasileira aqui destacada.
Conclui-se, no artigo, que o discurso mediado através do Twitter de Bolsonaro se centra em quatro aspetos principais: 1) reativo à transformação do acontecimento socioambiental “Dia do Fogo” em um acontecimento mediático; 2) emprega, como estratégia para retomar o debate público, uma construção populista de dois campos políticos antagónicos; 3) busca silenciar formas não capitalistas de relação com o ambiente; e 4) revela um discurso populista neoliberal, que negligencia uma comunicação voltada para a prevenção e mitigação do risco existente.
Leia o artigo na íntegra em https://obs.obercom.pt/index.php/obs/article/view/2421