Foto: “25 April 2013” Demonstration (Portugal Liberty day) – Pedro Ribeiro Simões

Novo artigo discute a europeização no contexto da crise, centrando-se na relação entre os movimentos sociais e a política institucional

Centrado na relação entre os movimentos sociais e a política institucional, um aspeto ainda pouco explorado, o novo artigo publicado no Journal of Common Market Studies, “From Protesting Against Troika Bailouts to Pro-EU Governing in Greece and Portugal: Europeanisation and Institutionalisation Processes” por Guya Accornero, do  Centro de Investigação e Estudos de Sociologia CIES-Iscte e subdiretora do Observatório da Democracia e da Representação Política, e Maria Kousis, do Department of Sociology da University of Crete, discute a europeização no contexto da crise.

Nesta investigação, as autoras recorrem a dois estudos de caso, Grécia e Portugal, para recolher dados primários sobre protestos anti-austeridade e as interacções entre os actores contestatários e institucionais, buscando responder qual foi o papel das questões relacionadas com a União Europeia no desenvolvimento da contestação anti-austeridade e qual foi o seu impacto nas políticas nacionais em Portugal e na Grécia. Para responder à questão, são analisadas as reivindicações, os objectivos e as atribuições de responsabilidade dos movimentos sociais nacionais, considerando também as alianças organizacionais, as escolhas estratégicas, as trajectórias organizacionais e dos activistas e as interacções entre os movimentos e outros actores, tais como os partidos de esquerda e os actores institucionais.  

A principal hipótese desenvolvida pelas autoras é que a forma como os Movimentos Sociais percebem e definem as questões da União Europeia, e as reivindicações relacionadas com esta instituição, são elementos essenciais para compreender o desenvolvimento dos protestos, as interações e colaborações entre os actores e os impactos nas políticas nacionais através de processos de institucionalização e europeização. Assim, os resultados obtidos demonstram que os protestos anti-troika nos dois países, e os seus impactos na política institucional não resultaram em euroceticismo, mas sim num pró-europeísmo crítico.

O artigo pode ser lido na íntegra em:  https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/jcms.13509

O Journal of Common Market Studies é uma revista multidisciplinar, que publica artigos de elevada qualidade, que promovem debates nos estudos europeus, tendo sido, em mais de 50 anos, um importante fórum para debates significativos sobre a política europeia, baseando-se na investigação científica.