© crédito fotográfico: Cies

Professor André Freire fala sobre o seu novo livro em entrevista para o site da editora ELIVA Press

Em entrevista para o site da editora ELIVA Press, onde falou para a secção “author interview”, o Professor André Freire (coordenador do ODRP) revelou um pouco do processo de criação do seu novo livro, “Left and Right: Meaning and Correlates in New and Long Consolidated Democracies”, e apontou quais as principais conclusões que podem ser extraídas desta publicação.

“Este conjunto de 12 capítulos (mais uma introdução, essa já escrita de novo), resultante de cerca de 20 anos de investigação comparativa sobre o tema da divisão ideológica entre a esquerda e a direita ao nível de eleitores, partidos e representantes políticos, e publicado ao longo do tempo em revistas indexadas (SCOPUS, Web of Science, etc.), é bem mais do que a soma destas partes. Além de ter tido de pessoalmente selecionar peças relevantes do meu trabalho de cerca de 20 anos sobre a temática e de as organizar num único volume, coerente e estruturado, as diversas peças tiveram ainda de ser formalmente editadas, algo que foi feito fosse pelo meu assistente de pesquisa (Viriato Queiroga), fosse pela Eliva Press”, confidenciou André Freire.

Para o autor, a inspiração deste livro parte do interesse científico e da curiosidade investigativa que o conduziu em inúmeros trabalhos, publicados em diversas revistas internacionais indexadas (11) e num capítulo de um livro de uma prestigiada editora (Lexington Books), sobre a ideologia esquerda-direita, tanto ao nível das massas, das elites, como dos partidos, buscando perceber os seus significados, correlatos e fatores explicativos.

Fruto de 10 a 12 meses de trabalho de edição, o livro está dividido em quatro grandes tópicos, contemplando: a Esquerda e a Direita em democracias consolidadas e em novas democracias (5 capítulos); os significados e os correlatos sociais, valorativos e políticos da divisão Esquerda e Direita (3 capítulos); Esquerda e Direita em Portugal, eleitores e partidos (2 capítulos); e o estudo de caso português sobre Esquerda e Direita entre cidadãos e representantes (2 capítulos).

A publicação sustenta-se na seleção de 11 artigos publicados em jornais académicos “Party Politics”, “International Political Science Review”, “Pôle Sud – Revue de Science Politique de l’Europe Méridionale”, “Brazilian Political Science Review”, “Journal of Political Ideologies”, “Comparative European Politics”, “Communist and Post-Communist Studies” , “Journal of Legislative Studies” e de um capítulo do livro “Political Representation and Citizenship in Portugal: from Crisis to Renewal”, na Lexington Books, além de um capítulo adicional introdutório, que permite ao leitor ter uma visão geral do volume e da sua novidade face à literatura existente no tema.

Principais conclusхes que podem ser extraнdas desta publicaзгo

Como relata Freire, há neste livro seis grandes conclusões: um reconhecimento e uso heurístico da divisão esquerda-direita pelos cidadãos em várias regiões e países democráticos do mundo, principalmente em democracias mais consolidadas e/ou mais polarizadas ideologicamente (isto é, com maior diferenciação entre a esquerda e a direita ao nível da oferta partidária); ao longo do tempo as novas democracias tendem a convergir com as democracias consolidadas em relação ao reconhecimento, ao nível das massas, da utilização heurística desta divisão; os diversos legados autoritários e os diferentes tipos de alianças partidárias em momentos cruciais das transições democráticas impactam a forma como os cidadãos comuns utilizam a divisão esquerda-direita; a divisão esquerda-direita tem significados diferentes mediante os diferentes contextos históricos e políticos; tantos as elites como as massas reconhecem e utilizam heuristicamente a divisão esquerda-direita, ainda que as primeiras tenham conceções mais estruturadas do que as segundas.

Por fim, o Professor André Freire aponta que o mais surpreendente de entre as conclusões foi “o reconhecimento generalizado e o uso heurístico da divisão esquerda-direita entre as massas em várias regiões do mundo, ainda que em níveis variáveis e diversos significados e correlatos. Em segundo lugar, a flexibilidade da divisão esquerda-direita, acomodando diversos significados correlacionados de acordo com diferentes contextos históricos, sociais e políticos, através do tempo e do espaço, sendo este último traço uma razão importante para longevidade (da divisão esquerda-direita), desde a Revolução Francesa, na Europa e noutros locais do mundo”.

Veja a entrevista na íntegra em https://www.elivapress.com/en/news/news-8885034827/

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