Sugestão de leitura: Activismo não é bem visto pela sociedade portuguesa, queixam-se activistas de várias gerações
Texto original da agência Lusa, publicado pelo Público
Leia a reportagem na íntegra em https://www.publico.pt/2024/06/15/azul/noticia/activismo-nao-bem-visto-sociedade-portuguesa-queixamse-activistas-2094095
A professora Guya Accornero (CIES-Iscte) contribuiu em entrevista para agência Lusa, publicada no jornal Público, na discussão sobre activismo e Portugal e como este é visto pela sociedade portuguesa. Na entrevista, Guya apontou que há uma divisão na sociedade portuguesa em relação a participação, onde apenas uma parcela intervém em várias áreas, sendo que “geralmente as pessoas que participam mais, participam em todas arenas, ou seja, eleições, sindicados, manifestações, associações”, comentou.
Ao falar sobre as acções protagonizadas por movimentos ambientalistas como o Climáximo, as quais não considera particularmente radicais, a professora e investigadora do CIES-Iscte, especialista em movimentos sociais, Guya Accornero, relembrou que a realização de ações “disruptivas”, como as ocupações ou o bloqueio de vias públicas, não é uma novidade do ponto de vista histórico e que acções “um pouco surrealistas” dos situacionistas dos anos 1960 e outras simbólicas do movimento estudantil no Maio de 68, já eram praticadas. A professora também destacou o papel pedagógico dos movimentos sociais, os quais possuem um discurso aprofundado sobre os problemas da sociedade, construindo conhecimento alternativo.
Accornero discorda da ideia de que os portugueses seriam menos engajados em prol de uma do que outros povos, demonstrando que Portugal tem mais associações, e mais pessoas envolvidas nelas, do que a Espanha, em termos comparativos. A professora também considera que que os ciclos de protesto podem repolitizar a sociedade civil, trazendo inovações no reportório dos movimentos sociais, especialmente no que se refere ao digital. Por fim, Guya aponta que há, nos últimos anos, “um ressurgimento de movimentos sociais, de activismo” dos jovens, ligados às questões do ambiente, direitos das pessoas LGBTI, anti-racismo, entre outras, destacando que “nós andámos anos a dizer os jovens estão-se nas tintas, são individualistas, mas agora estão mobilizados, estão a reivindicar coisas justas. Isso é muito bom”.